26 de dezembro de 2010

Quem entra em relacionamento amoroso perde, em média, 2 amigos

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Quando a paixão envolve a vida de duas pessoas, o habitual círculo de relações costuma ser um dos primeiros a sentir o impacto. O afastamento físico e emocional dos convivas até o momento tão próximos parece aumentar de maneira tão intensa como inexplicável.



Carlos C. e Maria M. só têm tempo, olhos e ouvidos um para o outro. Aos poucos, perdem contato tanto em qualidade quanto em quantidade com as pessoas que até pouco tempo - o momento exato até iniciar o romance - compartilhavam conversas, confidências, reuniões, bons e maus momentos.



Para Carlos só existe Maria; para ela, só ele existe. Suas respectivas amizades de toda a vida, até agora próximas, agora ficaram no "mundo exterior". Os que estão de fora da redoma assistem ao afastamento social com misto de surpresa e aborrecimento, pelo simples fato de se sentirem deslocados, deixados de lado e, inclusive, rechaçados.



O que ocorre ao novo e apaixonado casal não é um caso isolado. Costuma ocorrer com muitos que sucumbem às flechas do Cupido, de acordo a uma recente pesquisa da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que consistiu em perguntar a um grupo sobre seu círculo de amizades mais próximas e como este se modificou quando o romance entrou na vida de cada um.



Sob a direção de Robin Dunbar, professor de antropologia evolutiva na Universidade de Oxford, os especialistas comprovaram que o núcleo de amizades de uma pessoa, em média, formado por cinco indivíduos se reduz em, ao menos, dois amigos, com o início de um relacionamento.



De acordo com Dunbar, quem vive uma relação amorosa só tem quatro amigos ao invés do típico círculo de cinco amizades. E se levar em consideração que uma dessas pessoas próximas é o novo parceiro, significa que a renúncia foi de duas amizades.



A equipe do professor Dunbar analisou as redes sociais na internet, como Facebook, e a forma como os usuários administram o tamanho e a composição. Embora o número de "amigos virtuais" nas redes sociais supere com facilidade a centena, o círculo de pessoas com as quais se mantém contato ao menos uma vez por semana, ou as quais se recorre nas dificuldades, se resume de seis a quatro.



Preço social


A pesquisa realizada com 540 pessoas com idade superior a 18 anos reforçou a percepção genérica que quando o amor entra na vida de alguém, este romance pode diminuir o círculo de pessoas mais próximas. No geral, um familiar e um amigo ficam fora do círculo de relações mais próximo para ceder espaço ao novo par.



Infelizmente, esse fenômeno (que paradoxalmente guarda certos paralelismos com o que ocorre quando um casal rompe o círculo partilhado de amizades também se ressente) pode ter consequências duradouras e, inclusive, permanentes nas amizades menos compreensivas com os devaneios amorosos de seus amigos.



"Se não se mantém um contato pessoal assíduo com os amigos, o compromisso emocional começa a cair rapidamente", constata o professor Dunbar.



O antropólogo acredita que, quando a paixão se instala, o foco da atenção fica centrado no novo par, e é comum chegar até a "esquecer" daqueles com quem se têm grande proximidade emocional, por isso que algumas destas amizades começam a deteriorar-se.



As mulheres e os homens que iniciam um romance se afastam de suas amizades da mesma forma, revela a pesquisa, publicada na revista "Personal Relationships" (Relações Pessoais), apresentada no Festival de Ciência britânico na Universidade de Aston, e divulgada pela rede "BBC" e pelo jornal "The Guardian".



O estudo, que revela o importante "preço social" que envolve viver um novo amor, foi feito a partir de um questionário aplicado pela internet, com 428 mulheres e 112 homens, dos quais 363 viviam relacionamento no momento da pesquisa

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